Edição do dia 28/12/2017

28/12/2017 21h19 - Atualizado em 28/12/2017 21h39

IGP-M, índice que reajusta aluguéis, tem deflação de 0,52% em 2017

Foi a primeira queda na inflação do aluguel desde 2009.
Inquilinos têm a oportunidade de renegociar valores.

O Índice Geral de Preços de Mercado, usado para reajustar a maioria dos contratos de aluguel, registrou uma deflação este ano. Isso não acontecia desde 2009. Quem mora de aluguel tem agora a oportunidade de renegociar e, quem sabe, até reduzir os valores.

Quando viu que o IGP-M tinha sido negativo em novembro, a jornalista Cláudia Bastos ficou alegre. Se o índice que reajusta os aluguéis caiu, ela imaginou que o valor do aluguel dela também cairia, mas a imobiliária nem tocou no assunto e o aluguel ficou no mesmo patamar.

“Não tive redução nenhuma. Tentei contato com os proprietários da imobiliária e não consegui. Fui duas vezes e ninguém me falou nada”, contou.

O IGP-M, Índice Geral de Preços de Mercado, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas, é usado para cálculo da maioria dos contratos de aluguel.

Em dezembro, ele subiu 0,89%, mas no acumulado do ano manteve a trajetória dos meses anteriores e ficou em -0,52%. Foi a primeira queda na inflação do aluguel desde 2009.

Quando há deflação no índice que reajusta os aluguéis, isso não significa que o valor dos aluguéis vai cair automaticamente, na mesma hora. Mesmo que hoje em dia existam mais imóveis para alugar do que inquilinos procurando.

A queda do preço do aluguel está mais associada à recessão econômica, mas a grande disponibilidade de imóveis no mercado faz com que a eventual economia gerada por essa deflação seja pequena.

Para o diretor da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor e Trabalhador, Francelino Carvalho, a melhor tática para o inquilino é negociar com o dono do imóvel.

“Primeiro ele tem que tentar formalizar junto com a imobiliária ou proprietário negociação para tentar reduzir o preço. Caso não seja favorável a essa redução, que ele procure novos imóveis, porque uma disputa jurídica para redução de aluguel não é favorável nesse momento”, explicou.

O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário, Cláudio Hermolin, concorda e diz que a crise tem gerado distorções. “A gente chegou em uma situação tal de vacância, de negociação de valor de aluguel, que você tem locais da cidade do Rio onde se paga menos de aluguel do que se paga de condomínio e IPTU”, disse.

E, no futuro, o inquilino pode usar a deflação como argumento contra grandes aumentos. É exatamente o que a Cláudia vai fazer. “Com certeza eu vou questionar com a imobiliária. Eu acho que é um direito nosso e nós temos que correr atrás”, afirmou.